Megavazamento: “Temos que fomentar uma cultura de segurança digital”, diz especialista em Direito Eletrônico

Michael Franco

Já aconteceu e não tem volta. Segundo o professor da UCDB e especialista em Direito Eletrônico, Raphael Chaia, temos que partir desse princípio para discutir o megavazamento de dados que expôs 223 milhões de brasileiros. Ele conversou com o Jornal das Sete nesta quinta-feira (18) e disse que agora devemos nos adaptar à situação.

“A gente tem que se adequar a essa nova realidade em que as nossa informações on-line. Quer queira, quer não, estamos parcialmente expostos e agora temos que nos prevenir para evitar fraudes. Temos que fomentar uma cultura de segurança digital porque nós somos os mais fracos nessa relação”.

O cenário é agravado pelo fato de que os dados vazados são inalteráveis e, claro, não podem fazer o caminho contrário e serem ocultados novamente. “Não tem como ‘desvazar’, caiu na rede já era. É pouco ou quase nada que a gente pode fazer. O que a gente pode fazer agora, na verdade, é tomar algumas medidas de segurança digital para nos prevenirmos de possíveis golpes”.

Segundo Chaia, um dos problemas mais recorrentes é a clonagem de cartões (Reprodução – Site Primeira Notícia/UFMS)

Entre as dicas recomendadas pelo professor estão trocar as senhas de todos os serviços, inclusive bancários, por senhas mais fortes. “Pessoal precisa aprender a fazer senha, tem muita gente que não sabe fazer senha ainda”. Além disso deve-se acionar a autenticação em dois fatores em todo serviço que o recurso estiver disponível e também prestar atenção em ligações, e-mails e mensagens recebidas porque “muitos golpistas vão usar os nossos contatos para tentar mandar links maliciosos, criar oportunidades para de repente usar nossas informações para clonar um cartão, fazer transferência não autorizada”.

LGPD

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) já está em vigor, porém as sanções serão praticadas apenas no segundo semestre de 2021. “Por ora não”, disse Raphael Chaia sobre a possibilidade de responsabilização do megavazamento pela legislação. No entanto, segundo ele, o diretor da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) afirmou ser possível uma sanção, desde que provada a responsabilidade, a partir de setembro.

Ouça todos os detalhes na entrevista completa com o professor Raphael Chaia: