Preocupado com o impacto da guerra, Bolsonaro defende neutralidade do Brasil no conflito entre Ucrânia e Rússia

Coletiva de imprensa no Forte dos Andradas, no Guarujá, litoral de São Paulo (Foto: Captura de Tela)

Neste domingo (27), acompanhado o conflito na Europa, o presidente da república Jair Bolsonaro concedeu, pela primeira vez esta semana, uma entrevista coletiva para falar sobre o assunto. Na conversa com os jornalistas, Bolsonaro defendeu a posição oficial do Brasil no conflito que é de neutralidade. Ele destacou que o voto do Brasil na resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia é livre, com equilíbrio.
“Deixo claro que o voto do Brasil não está definido ou atrelado a qualquer potência. Quando se fala em sanções econômicas, cada país bota na mesa qual é o tópico desde que isso fique fora. A Alemanha por exemplo não aceita falar em sanções contra o gás. Os Estados Unidos também tem a sua área que não aceita discutir sanções. O Brasil nós sabemos que apesar da cadeira nossa não ser permanente, nós temos voz e para nós a questão dos fertilizantes é sagrada. E a fala do senhor Carlos França e Ronaldo (Costa Filho) que nos representa no Conselho (Segurança da ONU) é de equilíbrio”.
Quanto às possíveis sanções ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, Bolsonaro não defende “nenhuma sanção ou condenação a ele”. Isso porque, de acordo com o presidente brasileiro, este posicionamento pode acarretar um problema maior ainda para o mundo, como por exemplo o desabastecimento de fertilizantes, responsável pela produção agrícola no país.

Atualmente 85% do fertilizante usado pelo Brasil é de origem estrangeira. Ao falar de seu contato aproximado com Putin, Bolsonaro deu a entender que conversou por duas horas ao telefone com o presidente russo ontem mesmo e que eles teriam falado sobre o conflito, mas principalmente de comércio e de fertilizantes.

Logo após a coletiva em nota, divulgada pela Assessoria de Imprensa do Gabinete do Ministério das Relações Exteriores, o texto esclareceu que a conversa entre os presidentes ao vivo ocorreu na visita a Moscou [no dia 16 deste mês]. A nota reafirmou que “Não houve telefonema”, neste domingo, para Putin.

Ainda, Bolsonaro disse que acredita que o encontro entre negociadores dos dois países pode anunciar um acordo e o fim do conflito.

“Esse conflito não interessa para ninguém. Eu não acredito que ele vá se prolongar até pela diferença bélica de um país para o outro. O que a gente espera, obviamente, é que outros países da Otan não potencializem esse problema que está para ser resolvido, ao meu entender”.

Bolsonaro defendeu que a busca pela paz é sempre a melhor solução. Ele frisou também que o prolongamento da guerra pode trazer consequências mais graves ainda que a própria pandemia (covid-19) e que mais que a inflação, a grande preocupação é com o desabastecimento de alimentos e combustível.

Sobre a saída de brasileiros da Ucrânia, o presidente reiterou que duas aeronaves da Força Aérea estão preparadas para voar a qualquer momento, aguardando apenas o pedido dos brasileiros para o retorno ao Brasil, isso porque segundo o presidente algumas pessoas podem optar por aguardar em países vizinhos, o fim do conflito.