Infectologista avalia que aumento de casos de Covid-19 é reflexo das aglomerações e flexibilizações

Karina Anunciato e Michael Franco

Para o infestologista o impacto da doença ainda deve acompanhar a população por um bom período. 'A gente está cansado do vírus, mas o vírus não está cansado da gente'. (Foto: JC)

De acordo com o Painel Mais Saúde, plataforma de monitoramento da Secretaria Estadual de Saúde (SES), nesta sexta-feira (20), a taxa de ocupação dos leitos (covid e não covid) de UTI na macrorregião de Campo Grande é de 87%. A alta nas internações coincide com o fim das atividades eleitorais e flexibilização das medidas restritivas adotadas pela prefeitura. Para o infectologista e pesquisador, Júlio Croda, esse cenário é a tradução de um conjunto de ações. “O que a gente entende é que há um aumento de casos especialmente em Campo Grande, e a gente atribui isso as aglomerações durante as campanhas eleitorais e decretos de flexibilização. Então, a mensagem que as autoridades passam para as pessoas é que a vida segue normal, sem vírus”, avaliou o infectologista.

A exemplo da Europa e dos Estados Unidos que voltaram a apresentar aumento de contágio da Covid-19, ainda não é possível caracterizar este quadro como sendo segunda onda. “Não há uma definição técnica para segunda onda em termos de porcentagens. Estamos num aumento exponencial de casos e se a gente mantiver este ritmo, nós estaremos muito próximos do pior momento da pandemia no Estado, ou seja a confirmação de uma segunda onda.” No entanto, para o infectologista as autoridades municipais podem reverter a situação. “Ainda dá tempo de manter as medidas preventivas, principalmente os municípios que são responsáveis pelos decretos”, salientou.

Em busca de uma solução para a contaminação, o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Júlio Croda, coordena as pesquisas da vacina BCG no Estado. Para ele, mesmo confiante de que a vacinação será uma solução para conter os casos da doença –  infelizmente – a vacina deve demorar um pouco para chegar até a população, mesmo aquelas que estão em fase mais adiantada de testes. “A gente ainda vai lidar com a doença em 2021. Vai ter uma redução expressiva em termos de óbito, de internação quando a gente vacinar este grupo de risco, mas doenças não terminam com a virada do ano”, frisou Croda, “A gente está cansado do vírus, mas o vírus não está cansado da gente”.

Quem quiser participar como voluntário dos testes da vacina BCG em Campo Grande, acesse o link e realize a inscrição. Para conhecer mais sobre a pesquisa basta acessar o perfil no Facebook e no Instagram.

A entrevista completa com o infectologista e pesquisador, Júlio Croda, pode conferir aqui: