Relatório das Forças Armadas não excluiu a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas

Karina Anunciato

Depois de entregar o relatório sobre a fiscalização do sistema eletrônico de votação das Eleições 2022, nesta quinta-feira (09), hoje ainda pela manhã, o Ministério da Defesa emitiu uma Nota Oficial deixando claro seu posicionamento com a conclusão do assunto.

Segundo os militares o documento de hoje se tornou necessário para evitar outras interpretações que repercutiram nas últimas horas em todo o Brasil. Entre elas, inclusive, a interpretação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O tribunal afirmou que o relatório final não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência no processo eleitoral de 2022.

No texto, os militares reafirmaram que “com a finalidade de evitar distorções do conteúdo do relatório enviado, ontem (9.11), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Ministério da Defesa esclarece que o acurado trabalho da equipe de técnicos militares na fiscalização do sistema eletrônico de votação, embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022”.

A nota segue ainda elencando pontos considerados importantes que demandam esclarecimentos da justiça eleitoral. Entre eles:

– houve possível risco à segurança na geração dos programas das urnas eletrônicas devido à ocorrência de acesso dos computadores à rede do TSE durante a compilação do código-fonte;

– os testes de funcionalidade das urnas (Teste de Integridade e Projeto-Piloto com Biometria), da forma como foram realizados, não foram suficientes para afastar a possibilidade da influência de um eventual código malicioso capaz de alterar o funcionamento do sistema de votação; e

– houve restrições ao acesso adequado dos técnicos ao código-fonte e às bibliotecas de software desenvolvidas por terceiros, inviabilizando o completo entendimento da execução do código, que abrange mais de 17 milhões de linhas de programação.

Diante das informações relatadas, o texto publicado hoje pelo Ministério da Defesa, reafirma que a partir das constatações e de outros óbices elencados no relatório, “não é possível assegurar que os programas que foram executados nas urnas eletrônicas estão livres de inserções maliciosas que alterem o seu funcionamento”.

Logo após a entrega do relatório, nesta quarta-feira junto a justiça eleitoral, o TSE se pronunciou também através de Nota Oficial. O ministro Alexandre de Moraes, disse que recebeu com satisfação o relatório final das Forças Armadas. “Assim como todas as demais entidades fiscalizadoras, não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022”.

Moraes, reforçou ainda que as sugestões encaminhadas para aperfeiçoamento do sistema “serão oportunamente analisadas”. O presidente do TSE reafirmou que “as urnas eletrônicas são motivo de orgulho nacional, e que as Eleições de 2022 comprovam a eficácia, a lisura e a total transparência da apuração e da totalização dos votos”.