Dia Nacional da Adoção: ‘filho ideal’ emperra fila para quem precisa de um lar

Karina Anunciato

Só em MS estão na fila à espera de um lar 653 crianças e adolescentes (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Nesta quarta-feira (25) é celebrado o Dia Nacional da Adoção. A instituição da data, em 2002, visa promover debates sobre o assunto e colocar em prática um dos princípios mais importantes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o direito da convivência familiar e comunitária com dignidade.

Elizabete Anache, Desembargadora e Coordenadora da CIJ (Foto: Assessoria)

Em Mato Grosso do Sul, atualmente, de acordo com os dados do Sistema Nacional de Adoção (SNA) estão na fila à espera de um lar 653 crianças e adolescentes. A Desembargadora, Coordenadora da Infância e da Juventude do Estado (CIJ), Elizabete Anache, em entrevista ao Jornal das Sete, explicou o passo a passo da adoção e ressaltou que o caminho passa – antes de tudo – por muita conversa, amadurecimento e preparação das pessoas que desejam prosseguir com esta ação.

“A adoção é um passo definitivo. A adoção é irrevogável, irretratável. Aquele que adota uma criança já a torna filho, da família, e isso não volta atrás. É importante tomar esta decisão com bastante segurança, bastante certeza sabendo das consequências durante o processo”.

Por isso, a Vara da Infância e da Juventude exige dos candidatos a inscrição e o curso de habilitação. Neste momento, os profissionais avaliam quem de fato tem a convicção da decisão. Apesar da busca pela adoção e o grande número de crianças e adolescentes prontas para receberem um lar, boa parte dos processos esbarram numa exigência: a busca da criança ‘ideal’.

“Por isso que a gente faz a preparação para aquele que tem um perfil idealizado, tome conhecimento, perceba qual é a realidade da adoção no Brasil, qual é a realidade das crianças e adolescentes acolhidos e isso geralmente provoca uma mudança no pretendente. Ele passa a enxergar o seu desejo de uma forma mais real, sem aquela idealização de levar um bebê recém nascido para casa”. 

Quanto à queixa do tempo de espera para a conclusão da adoção, a desembargadora explicou que na verdade o processo é célere. O que demora é o atendimento das exigências.

“O processo de adoção em si é célebre. A lei prevê 120 dias, prorrogável por igual período com as devidas justificativas. O que as pessoas entendam que demore é encontrar uma criança ou adolescente com o perfil que deseja. Geralmente tem aquela idealização do bebê recém-nascido, branco, sem nenhum tipo de doença, deficiência, sem grupos de irmãos e na verdade na nossa fila – de crianças e adolescentes – preparados, disponíveis para a adoção nós não temos com este perfil”.

Anache falou ainda do símbolo que se tornou o caso da bebê ‘Maria’, que perdeu a mãe no parto, e da busca ativa da Justiça para encontrar um lar para a pequena de menos dois meses de vida.

A entrevista completa com Elizabete Anache você confere aqui: