Defensor da urna eletrônica, cientista político se posiciona a favor da atualização ‘mas não agora’

Karina Anunciato e Michael Franco

Modelo de urna eletrônica com impressão. Além do dispositivo para a digitação do voto, haveria outro, para depósito dos votos impressos (Foto: Nelson Jr.)

A polêmica do voto impresso, auditável, ganhou força na última semana, após o endurecimento das críticas entre o Presidente da República Jair Bolsonaro e o ministro do Supremo Tribunal Federal e Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso sobre a confiabilidade da urna eletrônica. 

Tito Machado, Cientista Político (Foto: CMCG)

O clima político tenso e a falta de diálogo entre as autoridades têm gerado mais dúvidas aos eleitores sobre a Proposta de Emenda Constitucional (135/2019) que pode mudar o sistema eleitoral no país. Em conversa com o professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e cientista político, Tito Machado, no Jornal das Sete desta sexta-feira (06), ele avaliou que a atualização no processo eleitoral é necessária, mas que o momento social não.

“A urna eletrônica veio para resolver os problemas das fraudes e não o contrário. Ela é auditável, ela é confiável. Evidentemente que nós vamos ter que dar um passo mais à frente, lá mais a frente, não agora. Ela vai ter que criar um mecanismo de imprimir o voto, jogar dentro de uma urna, que seja secreto, isso é um processo mais avançado, mais adiante. Não agora, não imediatamente para o ano que vem.” 

Para Machado, uma das respostas dos parlamentares, a escolha do momento para a discussão da alteração eleitoral foi a rejeição do relatório da PEC apresentado na Comissão Especial da Câmara, nesta quinta-feira (05), por 23 votos contra e 11 a favor. 

“Em primeiro lugar, eu fiquei muito preocupado de se estar discutindo um tema como esse no parlamento que é uma coisa vencida. Voto impresso no Brasil é sinônimo de corrupção. A urna eletrônica veio exatamente para corrigir isso. Você voltar ao voto impresso é uma volta reacionária, é uma volta ao passado, e a um passado que todos nós não queremos mais saber.”

Sobre o fato do presidente da Câmara, Arthur Lira, considerar levar o assunto a plenário, o cientista político avalia que são possibilidades, mas que a rejeição na comissão já é um indício claro do posicionamento da Casa.

“O deputado Lira tem se portado muito correto como presidente daquele importante órgão democrático. E ele está falando algo que pode acontecer, ele não está dizendo que vai acontecer, que ele vai levar isso. Tudo vai depender das forças políticas internas. As forças políticas já deram a sua primeira posição que é contra. Eu não acredito que isso vá para o plenário e se for vai ser uma outra derrota.”

A entrevista completa com Tito Machado, você confere aqui: