Campanha é ‘jeitinho’ brasileiro para refletir sobre a realidade

Karina Anunciato

Fé, solidariedade, penitência e partilha são algumas palavras que resumem o período da quaresma, preparam para a ressurreição de Cristo, na Páscoa. Nesta época do ano tradicionalmente é realizada simultaneamente a Campanha da Fraternidade.

Nesta terça-feira (07), o Jornal das Sete recebeu o Arcebispo Metropolitano de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa. Ele explicou que a realização da campanha da fraternidade é uma ideia genuinamente brasileira. Segundo ele, alguns países até tentaram, mas não conseguiram emplacar a ação como acontece há mais de 60 anos no Brasil.

“A Campanha da Fraternidade é um jeito brasileiro de viver a quaresma. Não existe Campanha da Fraternidade em outros países, não nos mesmos moldes. Eu sei que alguns países como a Alemanha e aqui na América do Sul também quiseram aplicar esta metodologia, mas não pegou muito bem. Aqui no Brasil, há mais de 60 anos estamos com esta forma de juntar fé e vida. E a Campanha da Fraternidade é justamente isso. A quaresma é tempo de penitência, de oração, de conversão, de jejum, de caridade e a campanha nos lembra de forma organizada refletir sobre a realidade”.    

Sobre a Campanha da Fraternidade 2023, que este ano tem como tema a ‘fome’, o arcebispo informou que o assunto é definido com dois anos de antecedência pelo Conselho Episcopal. 

“A Campanha da Fraternidade utiliza o método: ver, julgar e agir. ‘Ver’ é olhar a realidade, normalmente é um texto de um especialista na área; o ‘julgar’ é avaliar aquela realidade a luz da bíblia e da grande tradição; e o ‘agir’ são pista de ação, porque uma coisa é em nível de estado, em nível de município e outro em nível de uma comunidade menor digamos assim. De modo que nós queremos fortalecer aquelas paróquias, aquelas iniciativas que já trabalham fortemente com o combate à fome a muito tempo.

Devido ao momento social, com aumento de pessoas em situação de vulnerabilidade, não apenas no Brasil, como no mundo, segundo Dom Dimas a temática veio em boa hora.

“Quando eu cheguei aqui em Campo Grande não tinha favelas, hoje tem mais de 30. O que aconteceu? Por que isso? E o que pode ser feito para mudar. Então, além dos concretos de coleta de alimentos de fortalecimentos das iniciativas já presentes na Igreja, queremos fazer parcerias com o poder público, com a iniciativa privada de tal maneira que bolsões de pobreza porventura existentes possam ser atendidos com maior urgência”.

Dom Dimas frisou que cada comunidade está atuando para desenvolver ações pontuais com distribuição de alimentos e entre outras ações. Além disso, ele ressaltou que as instituições estão abertas para receber doações, não apenas de alimentos, mas também de voluntários para o trabalho.

A entrevista completa com Dimas Lara Barbosa, você confere aqui: