Semana da Mulher: com fama de ‘sargentona’ Zenóbia Pedrosa fez história como 1ª delegada da mulher

Zenóbia Pedrosa na inauguração da 1ª Delegacia da Mulher em 1986, com o então governador de MS Wilson Barbosa Martins (Foto: Arquivo Pessoal)

Precursora na carreira policial como a primeira delegada titular da delegacia da mulher, Zenóbia Pedrosa, esbanja vitalidade aos 75 anos ao contar sua história de protagonismo e pioneirismo no enfrentamento à violência contra a mulher. Na Semana da Mulher, o Jornal das Sete conta a história de mulheres inspiradoras que retratam os desafios femininos de todos os tempos.

Zenóbia Pedrosa (Foto: Arquivo Pessoal)

A senhora de fala alegre e orgulhosa da própria trajetória, contou que a caminhada profissional foi cercada de surpresas, já que a primeira carreira da vida foi como professora da alfabetização. Os rumos mudaram e ela se tornou escrivã de polícia e mais tarde delegada. Segundo Zenóbia, as experiências foram importantes para os desafios que viriam depois.

“Foi uma mudança radical. Quando eu estava na sala de aula eu recebia florzinha e as crianças falavam: professora, como a senhora é bonita (risos) e de repente é outro ambiente. Foi quando eu fui para a delegacia de roubos e furtos, onde eu passei a trabalhar com pessoas violentas, com assaltantes, marginais, então foi muito diferente e foi uma experiência muito boa na minha vida”. 

Consciente da representatividade e da importância do papel da delegada de polícia da mulher, Zenóbia descreveu características fundamentais para a função: delicada, mãezona, afetiva com as mulheres vítimas de violência, mas pulso firme, enérgica e forte com o agressor.

Inclusive a descrição se encaixa perfeitamente no comportamento de Pedrosa em ação. Conhecida como ‘sargentona’ pela rigidez em sua atuação, ela conta que não tinha como ser diferente na década de 1980, quando não existiam leis, nem um espaço adequado de acolhimento de mulheres em vulnerabilidade.

“Eu recordo que eu estava de plantão no primeiro distrito e a sala lotada de ocorrências para serem atendidas. Era furto de roupa, de galinha, furto disso e daquilo e quando tinha uma mulher era costume deixar bem por último para ser atendida. Então a mulher precisava de uma clínica especializada para ela. Eu me lembro de perguntar para um colega sobre e aquela mulher? E ele respondeu: Não a gente atende ela depois. Ela sempre vem aqui. Ela tem problema com o marido. Então, esse tipo de situação não era encarada como uma coisa séria. Felizmente, nós criamos – através da força política e dos movimentos de mulheres vítimas de violência – a delegacia. No momento em que criou a delegacia, foi um alívio para elas, porque todas passaram a ser atendidas com prioridade e dentro da necessidade da vida delas”.

A delegada aposentada falou ainda sobre o preconceito e a importância da Casa da Mulher.

A entrevista completa com Zenóbia Pedrosa, você confere aqui: