“Não é possível mais fazer saúde pública desta forma”, lamenta presidente sobre defasagem da tabela SUS

Karina Anunciato

Santa Casa de Campo Grande (Foto: Reprodução)

A situação crítica vivida pelos Hospitais Filantrópicos e Santas Casas em todo o país para manter as portas abertas escancara as deficiências na gestão dos recursos da saúde. Nos últimos meses, em Campo Grande, tanto a Santa Casa como o Hospital de Câncer Alfredo Abraão tiveram parte dos atendimentos comprometidos com greve de funcionários e falta de recursos para pagar fornecedores. A justificativa das instituições é a falta de dinheiro para custear o atendimento.

Ivandro Fonseca, Presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de MS (Foto: Karina Anunciato)

Neste jogo empurra sobre a quem cabe a responsabilidade para o pagamento e funcionamento da saúde pública, fica o cidadão vulnerável sem assistência médica.

Nesta segunda-feira (13), o presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de MS, Ivandro Fonseca disse que este é um problema que passa pela atualização da tabela SUS, há mais de 25 anos desatualizada, mas que também é uma responsabilidade do gestor pleno dos recursos, a cargo das prefeituras municipais, que muitas vezes retém os recursos das instituições.

“Um parto normal com anestesia custa R$15,03; será que é possível realizar um procedimento, que nós chamamos de risco no procedimento obstétrico? Uma consulta com pediatra custa R$6. Gente, vamos colocar a mão na consciência e fazer uma reflexão profunda dos principais problemas da saúde pública no Brasil”.

Ainda sobre a defasagem da tabela SUS (Sistema Único de Saúde), Fonseca destacou que em nível nacional o assunto segue com o estudo de uma fonte de financiamento. 

“Além da defasagem da tabela do SUS, nós temos uma ausência da política de financiamento na média e na alta complexidade para o custeio hospitalar. Nós temos muitos contratos que são regidos por indicadores econômicos de reajuste anualmente, os únicos contratos que não tem reajuste são os dos hospitais, não tem um indicador: INPC, IPCA, seja qual for o indicador, nem reposição inflacionária”. 

Na última semana, foi publicada uma portaria do Ministério da Saúde  (Portaria GM/MS 96), que estabelece os parâmetros para a definição do auxílio financeiro às entidades privadas sem fins lucrativos que complementam o Sistema Único de Saúde – SUS, decorrentes da transposição e transferência dos saldos financeiros remanescentes de exercícios anteriores a 2018. “Desde a semana passada estes recursos estão sendo disponibilizados”I, explicou Fonseca.

A entrevista completa com Ivandro Fonseca, você confere aqui: